domingo, 17 de março de 2013

A fraqueza


Desistir deixa sempre inevitavelmente imprimida aquela sensação de fraqueza que nos faz duvidar da simplicidade do nosso reflexo ou da confiança que depositamos no espelho que nos jura verdade. Apesar disso, faço questão de me deitar numa cama limpa, sabendo que não é nesse mundo que amanha vou acordar. Mundo esse que não é fatalmente banhado a tons de preto e branco, e que o cinzento não cai em esquecimento.
 Rotula-se de fraqueza o monstro que se entrega ao escuro, quando a sua última gota de suor beija o chão enquanto restam desejos por queimar agarrados às paredes do coração.
 Fraqueza que se apodera da fé que nos guia na neblina  desfaz-se nas mãos frias de um bicho tão sozinho quanto a sua vontade de saber amar. Quero satisfazer o apetite desse ser mesquinho, quebrar fraquezas que lhe distorcem a visão do que é continuar, encontrar luz num dia em que ninguém a queira dar a quem a procura.
 Animal moribundo, de alma comprimida pela indecisão que lhe preenche de dentro para fora todos momentos que lhe fogem para outros dias, dias que teimam em não existir, que se refugiam no aleatório do que virá a ser.
 Desistir soa a ingratidão, a mim sabe-me a vitória sobre o universo, e ele concorda. Mas quem sabe, talvez esteja errado, talvez isto não passe de uma mentira que tento injectar no meu subconsciente, talvez tenha de mudar de espelho.

Sem comentários:

Enviar um comentário