domingo, 4 de agosto de 2013

Tempo Mal Amado

A ansiedade
oh... ansiedade como és tudo..!
tudo o que se desloca
e me faz deslocar
oh como te anseio experimentar...!

E desespero
oh se desespero...!
a minha alma desolada espuma de raiva
A ânsia afinca os dentes no desespero
e é pura piromania...

E é fogo nos olhos de quem anseia!
e a chama queima desesperada
o bicho que arde no seio
do desalento e da loucura...!

E tu, tu que és corpo desconhecido!
semeias o ideal rico e próspero de se amar
o que não se conhece,
mas que se aceita
com os olhos fechados,
e com uma mente acolhedora.

Agora anseia mas não desesperes
Chama viver a isto que te contei!
Imploro-te!
Será pois tudo o que terás nas mãos depois do tempo morrer
e tu entregue serás ao vácuo deixado por toda a sua importância e significado.

Saudade #1

  Não me consigo ver mais velho. Sei que a saudade tem o seu papel nisso, mas julguei que as fotos ajudassem. A saudade não me deixa ver isso. Nem precisa de ter cara essa saudade, basta saber que ela existe para que o meu dia-a-dia fique ligeira e subtilmente mais turvo. 
Dá-me prazer voltar a escrever, sabendo que daqui a merda não sai, um desabafo talvez sirva para me desentupir o estado de espírito.
  Anseio o verão com saudade do que este antecedeu. Mas não suspiro. É uma saudade seca, que é saudade por ser saudade e nada mais. Não sinto em mim pitada de um desejo mórbido de voltar a viver na melancolia a rastejar-me pela mente. Foi o que foi, sou um monstro mais gordo por ter engolido aquelas pequenas e gordas pitadas e fiquemos por aí. Não é por medo de me aperceber que me estou a tentar cegar, apenas quero que o sentimento de saudade me esfregue na cara a eminência de um presente que nunca devolverá a alma a um corpo morto nas dunas de um passado bem vivido e entranhado.
  Um desabafo bem merecido, creio eu, já flutua para além do alcance dos meus sonhos um tempo de necessidade de paz de alma; seja lá o que isso for; agora vou tentar enterrar o que não consegui dizer por não achar digno debaixo da almofada, deixo de pensar no tecto como uma tela em branco que irei manchar com o sonho mais ensopado que encontrar e deixo que a saudade me tape os olhos pela noite dentro.