terça-feira, 19 de março de 2013

Para Ninguém.


Palavras que chegam timidamente à margem do rio,
Sentimentos que escorrem por um corpo oco,
Sorrisos escondidos por detrás do teu cabelo
fazem um louco gritar como só um louco sabe.

Decisões perdidas num tempo sujo e gasto,
Promessas rotas feitas por corpo fraco,
Mentiras que beijam este amor predilecto
deixam um louco perdido à beira de mergulhar no esplendor da noite.

Derrotas de uma criança entrelaçadas em neblinas e nevoeiros,
Viagens com destino fixado na tua companhia,
Tons tresloucados e arrepios apanhados pela tua voz
sugam a vida a um louco fanático pelas tuas tímidas manias.

Esses teus toques delicados
revelam muito mais que um coração em sofrimento
contam histórias pouco relatadas
sobre um louco à deriva numa ironia patética.

Ideias numa noite pouco sortuda
acompanhavam olhares cheios de vagar,
Um ritmo avassalador deixava o céu correr,
E o louco de bolsos rotos levava na mão um desejo que gemia por vingança.

Contavam-se pelos dedos os loucos,
loucos como aquele, que com ela por ai andou,
Risos que compunham um céu jamais tão platónico
Fizeram dele um miúdo com uma banal paixão nunca tão ordinária.

Rebentavam pelas ruas lembranças de dias mais corajosos,
Brisas audazes levaram-lhe tudo nesse momento,
E só o louco ficou, de desejo suado e derrotado na mão.

domingo, 17 de março de 2013

A fraqueza


Desistir deixa sempre inevitavelmente imprimida aquela sensação de fraqueza que nos faz duvidar da simplicidade do nosso reflexo ou da confiança que depositamos no espelho que nos jura verdade. Apesar disso, faço questão de me deitar numa cama limpa, sabendo que não é nesse mundo que amanha vou acordar. Mundo esse que não é fatalmente banhado a tons de preto e branco, e que o cinzento não cai em esquecimento.
 Rotula-se de fraqueza o monstro que se entrega ao escuro, quando a sua última gota de suor beija o chão enquanto restam desejos por queimar agarrados às paredes do coração.
 Fraqueza que se apodera da fé que nos guia na neblina  desfaz-se nas mãos frias de um bicho tão sozinho quanto a sua vontade de saber amar. Quero satisfazer o apetite desse ser mesquinho, quebrar fraquezas que lhe distorcem a visão do que é continuar, encontrar luz num dia em que ninguém a queira dar a quem a procura.
 Animal moribundo, de alma comprimida pela indecisão que lhe preenche de dentro para fora todos momentos que lhe fogem para outros dias, dias que teimam em não existir, que se refugiam no aleatório do que virá a ser.
 Desistir soa a ingratidão, a mim sabe-me a vitória sobre o universo, e ele concorda. Mas quem sabe, talvez esteja errado, talvez isto não passe de uma mentira que tento injectar no meu subconsciente, talvez tenha de mudar de espelho.